quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Caba-Mundo? Compro Minha Bike Roubada

A bruxa (anti) ciclística está solta. Depois do tombo e da clavícula do Dereco. Foi a vez de roubarem minha bicicreta pela segunda vez. Coisas de cidade grande. Fazer o quê? Daí vou contar dos dois roubos e do meu sentimento de impotência. Pois queria ter contado tudo isso pro Dereco, mas não tenho tido sorte de encontrá-lo no MSN.

A primeira vez eu me lembro como se fosse ontem. Era 1º de abril de 2004 e não é mentira o que vem a seguir. Era tipo 8 da noite. Eu já ia me encontrar com uma amiga num bar próximo à Fumec. Daí passei pela Avenida Bandeirantes e fui dar umas voltinhas na Praça JK. Na segunda volta, lá no fundo da praça, próximo à favela do Caba-Mundo, um noiado e seu comparsa enfiaram-se em minha frente, colocaram um facão de açougueiro daqueles grandes no meu peito. Fiquei estático. Levaram minha magrela comigo em estado de pasma.

Tinha notado que uns caras de um bar no fundo da favela tinham visto a cena acontecer. Não me dei por vencido e fui no bar onde tinha um povo tomando cachaça e conversando de futebol. Expliquei toda minha revolta, que eu frequentava ali, me dou bem com todo mundo, sou da roça e tal. E que iria chamar a polícia pra resolver minha tristeza.

Aí eles me perguntaram se eu conhecia alguém ali no morro. Poucos meses antes, um tal de Vladimir tinha me abordado naquele mesmo local e oferecido uns toca-fitas 'barato' pra comprar. Lembrei o nome do Vladimir e disse que conhecia ele. Aí um cara no bar ficou admirado que eu conhecia o Vladimir e disse que ia buscar a bike pra mim. Dito e feito, em poucos minutos, apareceu com o noiado que tinha colocado o facão no meu peito (com chapéu e roupa diferente, fingindo ser outra pessoa) pedindo R$30,00 na minha bike.

Peguei minha carteira e tirei toda grana que eu tinha . R$10,00 e em trinta minutos a bike tava de volta às minhas mãos, com garrafinha d'água e tudo. Saí pedalando dali numa alegria sem fim.

Agora, o segundo roubo foi um furto, dia 21 de novembro, 4º feira passada. Passei na casa do Lois pra dar os parabéns pra ele. Fiquei uns vinte minutos por lá, na hora que nós descemos, a bicicleta que eu tinha prendido com cadeado na árvore não estava lá, apenas os pedaços do tal cadeado mesmo. Desespero total, dei até queixa na polícia. BO (Boletim de Ocorrência) número 5035884.

Peguei a ocorrência, voltei pra casa, tomei banho. Fui na padaria comprar pão. Na hora que eu desci, dois irmãos que trabalham catando papel reciclado da padaria perto da minha casa me perguntaram da bicicleta. Eu disse que ela foi roubada há pouco mais de uma hora. Eles me disseram que a magrela tava lá na favela do Caba-Mundo, onde eles moram, e que um tal de 'Véio' estava vendendo a bichinha por R$60,00 (Bruno, o mais novo) ou R$70,00 (Vítor, o mais velho). Disseram também que o tal do 'Véio' tinha dormido na cadeia no dia anterior e que roubava todo dia pra manter a mulher embuchada e um filho.

Me dirigi ao banco pra buscar o dinheiro, refletindo o que fazer, liguei pra polícia dizendo que sabia onde estava minha bicicleta e que ela estava à venda. Caso ocorresse dessa maneira, eu teria que pedir aos meninos que caguetassem o camarada que me furtou e pensei que eles poderiam ser prejudicados pelo ladrão de galinha que é solto todo dia. Preferi jogar os R$60,00 na mão do Vítor.

No dia seguinte, ele não me entregou a bicicleta, mas afirmou que ela já estava na casa dele. Fiquei tranquilo, afinal, todos os dias ele fica aqui na frente de casa arrumando o ganha-pão deles. No fim de semana, não os vi. Essa semana, encontrei com o Vítor e ele me disse que a mãe dele emprestou a bike pra um noiado e que o cara vendeu minha bike no morro do papagaio.

O Vítor é esse menino dormindo dentro da caixa nessa foto que eu tirei em 2003 e dei uma cópia a ele. Lembro que ele me contou que a foto estava na sala da casa dele. Fiquei feliz naquela época. Hoje em dia, será que Vítor me faria feliz? Eu só não queria escutar mentira. Vou escrever babaca na minha testa...


quarta-feira, 21 de novembro de 2007

bikes em Copenhagem



me emocionei com esse vídeo, bicho! caralho!

retirado do blog do Apocalipse Motorizado

terça-feira, 20 de novembro de 2007

quebrado na quebrada

acabei me fodendo. tomei um queda dia de sábado, pela madruga, chegando no domingo, quando voltava pra casa do centro. tinha pouco tempo que tinha tirado minha magrela da oficina, ela tava toda linda, toda certa, rangendo o mínimo, andando o máximo, o quadro de branco brilhoso! tinha passado o dia com o Tui, pintando na rua do amendoim, lá em cima, onde as pessoas se enganam naquela atração turística fajuta, querendo ver num-sei-o-que de carro descendo a subida (e lá vão muuuitos carros num dia bonito como foi o sábado). de lá a gente desceu afonso pena, pedalamos um tico na savassi, eu segui pro centro e o tui pro rumo dele. inda passei na casa da carol, que tava se arrumando pro vestibular do dia seguinte, e saindo de lá explorei um pouco umas quebradas da floresta que eu nao conhecia. daí deviam ser umas duas da madrugueta e eu ia seguindo antonio carlos afora.

foi ali na frente da crackolândia, entre o IAPI e o Hospital Belo Horizonte, onde tem até câmera da pm agora. aliás, foi bem debaixo dessa tal dessa câmera. rolou um buraco ou um sei-que-lá no caminho e quando eu vi eu tava no chão, a cabeça meio amassada no asfalto com alguma coisa em cima forçando, uns faróis passando rápido e lá da ruazinha-muita-treta da crackolândia vieram vindo dois nóias correndo, falando um monte de coisa. me deram a maior moral. antes que eu pudesse entender o que tinha rolado eles já tinham tirado meu pé que tava preso entre o quadro e o guidão, me levantado e um deles chegou rapidao com uma garrada d`água pra mim. eu tremia todo de pura adrenalina. o corpo totalmente rebelde, obedecendo pouco, o pensamento rápido, as dores se misturando, não dava pra saber o que tava rolando direito. eu tinha uma esperança latente de colocar a corrente que tinha saído no lugar e continuar pedalando até em casa, mas pouco a pouco fui percebendo que eu tava fudido pra caralho.

a cabeça tava doendo e eu descobri que o ombro também doia demais dependendo da posição. os nóias ao mesmo tempo que tavam me ajudando já estavam envolvidos em várias outras tretas, naquela correria absurda que é a vida de um pedrete, e já não se importavam muito comigo. um deles, antes de sair quebrando, se voluntariou pra colocar meu ombro no lugar, eu agradeci e recusei. o lance é que eu não sabia muito bem o que fazer. tava bem difícil carregar a mochila e a bicicleta com o ombro daquele jeito e eu parei pra ligar pra alguém. tentei minha mãe e meu pai e nada. consegui falar com o Tui, "bicho, ce tem a manha de pegar o carro ai e me dar uma força?" e ele saiu quebrando pra me salvar. acabei andando por conta própria até o Hospital Belo Horizonte com medo de ficar dando mole no meio da rua com a bike e sem nenhuma defesa.

o hospital foi uma merda a parte. nego frio trabalhando há 72 horas atendendo um moleque que caiu de bike as duas da manhã não faz muita questão de ser simpático. me diagnosticaram uma fratura na clávicula direita. a cabeça apesar de estar doendo pra caralho não tinha nada. depois de alguma burrocracia o tui me deixou em casa e a noite acabou desse jeito...

mais um tempo sem pedalar...

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Das ruas

De dentro de um carro passamos pelas ruas da cidade e pouco percebemos dela. Fechados, por vezes sozinhos, ou acompanhados de um moderno aparelho de som, em alta velocidade, ou nem tanto, já que graças a nossa imensa necessidade de carros as vias de transito costumam estar engarrafadas em boa parte do dia, nos apropriamos da rua, da cidade, do publico, de forma estritamente funcional. A rua fica restrita a um espaço de passagem, mais uma provação no nosso torturante dia de trabalho. A rua sem sentido vira um espaço de repulsão, um lugar de onde corremos como o diabo da cruz. Loucos para chegar e descer do carro, aceleramos, freiamos, repetidas vezes, alienados do espaço por onde vamos. A rua renegada de seus usos possíveis, colocada como um espaço de passagem, se torna mais um espaço de manifestação do profundo medo que sentimos de tudo. E com medo pedimos mais segurança, mais policiais, mais câmeras, justificamos o medo que se tem da cidade. E o publico, que é o de todos, vai se esvaziando de gente, de sentido, de significados.

O espaço privado então se afirma, segregando as pessoas e as diferenças impondo um uso ainda mais reduzido, onde os papéis já estão postos: o consumidor e a mercadoria, o trabalhador e a empresa, onde as trocas se dão apenas sobre a mediação do dinheiro. E assim nega os contatos possíveis entre as pessoas reduzindo toda essa possibilidade a uma realização do individuo enquanto consumidor.

É preciso dar um novo uso ao espaço publico, as ruas, percebe-lo, senti-lo, pois a rua só existe quando apropriada, vivida pelas pessoas, que com sua criatividade dão um outro uso, um outro significado as ruas. Só é cidadão aquele que quando se apropria do que é do cidadão, o publico, transformando este espaço. Entender a importância das ruas é saber da importancia que existem nos encontros, nas conversas com pessoas, no dialogo com as diferentes realidades que coexistem na cidade, para a formação do sujeito do mundo, que transforma seu mundo enquanto o vive. É preciso resgatar o dialogo, o habito da convivência entre os cidadãos, o sentido da rua como o lugar do encontro, da política(que existe alem das urnas), a cidade que é nossa e que, de forma alienada ou não, estamos construindo... É preciso superar o modo de vida que está posto, a sociedade de classes, da alienação, da produtividade e do consumo, o espetáculo da vida moderna...

Vamos às ruas! Vamos a pé, vamos de bicicleta, de skate, de rolimã... Mas vamos! Vamos pensando, gozando e se apropriando da nossa cidade... Vamos conhecendo o espaço, as pessoas, a vida! Vamos, e vamos conversando, graffitando, batucando, trocando, bebendo e (se)doando... Vamos mudando o mundo enquanto mudamos a nós mesmos... Vamos lendo poesias, lendo o(s) mundo(s), lendo a vida... Vamos nos encontrando... Vamos do jeito que for... Mas vamos...

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

descobri um link que tem a foto do trampo todo do muro da fumec
http://www.fumec.br/mostra/muro/target28.php

confiram e se possivel deem uma votada, quem sabe a gente nao leva alguma coisa, né?

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Sobre Ciclovias em Salvador

Ando no bagaço, tendo aula das 7h da manhã às 7h da noite, mas vou fazer um comentariozinho, meio que respondendo ao post do Derecoso, sobre ciclovias.

Aqui em Salvador o trânsito é caótico. Pedestres, carros, motos e bikes dividem, lutam e se matam pelo mesmo espaço. ninguém respeita ninguém e todo mundo acaba se odiando.

Os carros estacionam em cima da calçada, o que faz o pedestre andar (e se acostumar a andar) no meio da rua; nós, bikes, que devíamos ter aquele cantinho de pista pra andar a disputamos com o pedestre que, mesmo sem motivo, anda no meio da rua por má-educação e (mal) costume; e entre pedestres, bikes e motos, os carros andam botando pra fuder em cima de todo mundo.

Outro dia fui a uma praia mais "longe" do centro e vi uma ciclovia. Mas é tão ridículo ter uma ciclovia, ao lado de uma pista de cooper, no mesmo nível da calçada onde crianças, idosos e adultos, embasbacados com o mar, com o sol, com o domingo, com o dia de folga, com o que quer que seja, atravessam de um lado pro outro, entram e saem de ônibus, carros, carroças...
Enfim... Isso realmente não é uma ciclovia...

O Brasil é um país muito pobre em ciclovias. A bicicleta não é considerada um meio de transporte real. Só vejo mesmo o uso costumeiro de bikes em cidades do interior, onde magrelas, cavalos, carros e carroças se entendem e fazem o trânsito funcionar numa nice, num outro ritmo de vida. Por aqui (nas cidades "grandes") as pessoas julgam não ter "tempo" pra bicicletar.
Eu particularmente gasto menos tempo indo de bike pra aula do que de marinete. Mas cada um com suas distâncias e problemas, né??

Será que não existe um movimento pró-ciclovias??
Um listão? Um abaixo "assassinado"? Uma coisa qualquer que nos dê algum tipo de voz?
Os bicicleteiros excluídos ou qualquer coisa do tipo?
Ou será que tem que morrer um ciclista por dia (como em SP morre um motociclista por dia) pra eles nos darem mais espaço?

Enquanto estamos vivos, não assinamos listas, não somos ouvidos, não somos atendidos e ainda gostamos de pedalar, vamos nessa senão o pneu perde a calibragem!

Saudades de pedalar nas montanhas,
Milena.