domingo, 29 de março de 2009

terça-feira, 24 de março de 2009

(Obs)Cenas

Um "acidente" envolvendo um caminhão que invadiu um ponto de ônibus, em Belo Horizonte, deixou dois mortos e uma pessoa ferida, nesta terça-feira (24). O motorista do caminhão disse que o veículo perdeu o freio e ele não conseguiu fazer a curva. Depois de bater em um carro, o caminhão atingiu pedestres que estavam no ponto de ônibus na Avenida Amazonas, na altura do CEFET. Segundo a PM o motorista estava em alta velocidade, não possuía habilitação e apresentava sintomas de embriaguez.(Foto: Gualter Naves/O Tempo/AE)

domingo, 22 de março de 2009


Av. Antônio Carlos, † 16/03/2009

A avenida Antônio Carlos está passando pelo já conhecido por nós processo de duplicação de suas vias de circulação. Em breve a avenida será uma "via rápida", um elo de conexão que se pretende eficiente entre o centro e a mais nova área de expansão/acumulação-do-mercado-imobiliário da metrópole belzontina: a Zona Norte - onde se localiza a nova Sede Administrativa do Governo do Estado, o Aeroporto de Confins e onde aparece a cada dia um novo empreendimento imobiliário (condomínios de luxo, centros comerciais, etc.). Os motoristas certamente andam ansiosos pela conclusão da obra, pelas pistas novas em folha que os guiarão até o lugar aonde realizam o dinheiro em suas tediosas jornadas de trabalho. Uma cidade asfáltica, espaço de circulação de mercadorias. A duplicação da avenida traz ares de progresso ao Curral Del Rey. O que poderia afinal ser mais progressista do que mais pistas para mais carros?

Uma nova avenida custa caro - e nem estou falando, nesse caso, dos valores das licitações para as obras. Uma avenida maior e mais rápida exige que moradores sejam inconvenientemente expulsos de suas moradias, pois “enfeiam” o espaço e "atravancam o progresso da cidade" (e pra onde vão? pra periferias tão distantes do centro que condicionam todo o chamado "tempo livre" a viagens intermináveis em ônibus lotados). Mais pistas custam os canteiros centrais e suas árvores, como as da foto (tão-somente lamentadas por cruzinhas de pau). Uma avenida nova, padrão internacional, custa o precioso espaço da cidade - já tão distante de atender às reais necessidades do cidadão - que deixará então de ser espaço público em seu sentido amplo e será destinado à circulação das propriedades particulares dos possuidores de automóveis. Uma via mais rápida de circulação certamente cobrará seu preço com muitas vidas humanas levadas pelos “acidentes” de trânsito. [“Acidentes” que no Brasil são a segunda maior causa de morte, só perdendo para os homicídios. Só em Belo Horizonte, em um único ano (2006), 704 pessoas morreram nestes “acidentes”]. Uma Antônio Carlos duplicada custará muito ainda ao futuro, às gerações vindouras que verão as largas avenidas de hoje serem novamente pequenas para comportar o crescimento econômico (pra quem?) e o "sucesso estrondoso" da indústria automobilística (injustamente alavancadas por incentivos fiscais de políticas imediatistas e descompromissadas com o bem-estar das cidades).

Cabe perguntar (afinal o questionamento leva no mínimo à dúvida e ao incômodo): a quem serve uma duplicação dessas?



Simultâneamente publicado no blog do zine Até o Centro: aczine.wordpress.com

sábado, 21 de março de 2009

Bicicletada de Março - 1 ano de Bicicletada em Belo Horizonte!!!


Há um ano atrás eu mandei um email para muitos dos meus conhecidos e amigos convocando para a primeira Bicicletada de BH. Reproduzindo os modelos de Massa Crítica praticados no mundo inteiro (onde uma massa de bicicletas ocupa as vias normalmente monopolizadas por automóveis) vários ciclistas e bicicleteiros começaram e seguiram por 12 meses pedalando todas as últimas sextas-feiras do mês por BH - não só se divertindo e dando novos significados pras ruas (para além de "via de tráfego automotivo" e "local de especulação", entre outros) mas também mostrando que um novo transporte e uma nova mentalidade são possíveis e desejáveis.

Nesses 12 meses vi muita gente aderindo ao uso de bicicleta como meio de transporte, os movimentos e políticas pró-bicicleta crescerem no mundo inteiro, os debates sobre o assunto acontecerem com cada vez mais frequência e urgência e a Bicicletada bombar cada vez mais! Mas infelizmente vi também ciclistas morrerem e serem acidentados no trânsito, a venda de autómoveis aumentar (!!!), os congestionamentos aumentarem na mesma proporção, as avenidas serem duplicadas (para o progresso de quem, afinal?! que eu saiba as classes sociais menos abastadas andam de ônibus e eles não causam consgestionamento!), os favelados serem expulsos de suas casas e as árvores serem cortadas por conta dessas duplicações, vi o clima dar sinais sérios de instabilidade. Inclusive essa semana um casal de idosos morreu em BH, presos dentro de um carro numa enchente. Agora pensem comigo: carros são os grandes emissores de gases que alteram o clima, são os responsáveis pelo asfaltamento e impermeabilização dos solos e nesse caso serviram como uma gaiola que prendeu os idosos - não chamem essas duas mortes de fatalidade! (E eles são números desprezíveis nas estatísticas de mortos e acidentados por automóveis).

A Bicicletada não é um movimento bonitinho, que busca dar uma aura de ecologicamente corretos para seus participantes. A Bicicletada quer chamar a atenção para um problema que atinge a TODOS mas que só alguns poucos são culpados (e muitos a quem envio esse email carregam essa culpa). Se você anda de carro, não se ponha no papel de vítima indefesa incapaz de mudar de situação - construa suas alternativas! É por isso que a Bicicletada existe. Não queremos prêmios, nem elogios, nem matérias rasas e espetaculosas em jornais. Queremos uma cidade mais humana e sensata onde um carro seja visto como é de fato: um desastre ecológico, energético e social.

Vida longa às Bicicletadas!!! Ano que vêm quero ter mais motivos para comemorar.

Bicicletada de aniversário: sexta-feira, dia 27/3 na praça da Estação. Concentração às 19hs.

Grande abraço (a gente se vê nas ruas!)