
Há pouco tempo li na revista Piauí sobre Alexandre Delijaicov, um professor de arquitetura da Usp que se locomove para o trabalho em sua bicicleta diariamente. A esposa dele foi recriminada; "Pô, seu marido dá aula na Usp e anda de bicicleta? Coisa de pobre." Lembro que o professor dizia que passava o tempo inteiro pelo mesmo caminho dos automóveis, andando sempre na mão e obedecendo a sinalização, sendo que nem existe ciclovia no percurso dele. Arrisca a vida e dá uma aula de civilidade? Talvez.
Eu sou um bicicleteiro escroto. Ás vezes sou prudente como Delijaicov, também aboli o capacete, porém pedalo na contra-mão e outras coisas erradas das quais irei expor com meus motivos. Como vivo numa roça grande, cheia de conhecidos, às vezes gosto de pedalar vagarosamente pelas calçadas e parar pra conversar com alguém quando estou sem pressa. Não há outro tipo de transporte que me oferece isto.
E se a minha cidade não oferece espaço para que eu transite adequadamente com o meu veículo que não polui? Oferece a Linha Verde como a menina dos olhos para pavimentar uma candidatura presidencial calcada em marketing pseudo-ecológico? Linha Verde só se for pra fabricar mais acidentes automobilísticos e fazer as pessoas virarem adubo.
Veículo de duas rodas de tração pernal que não é apresentado como uma solução aos engarrafamentos e ao sedentarismo das pessoas que chegam do trabalho estressadas e vão malhar. Vidinha pacata essa de ganhar dinheiro e ser um cidadão respeitável, eu acho. Os países do dito primeiro mundo há muito oferecem esta opção. Em Paris, há bicicletas em massa para alugar num local e entregar noutro.
Bem, enquanto isso, passo susto nas calçadas, já que minha busina trim-trim estragou. Será que alguém que já foi atropelado por uma bicicleta vai dizer que a Linha Verde é a solução para nosso trânsito que não pensa no pedestre? Tô cheio de perguntas, zentem!
Créditos da foto; Ramon Martins, do Drunk Bikers.
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