sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Pedalisticamente Embolado

Peguei meu transporte orgânico e cheguei aqui de magrela também. Pois eu acho que há uma necessidade de uma discussão mais profunda a respeito das pedaladas em grandes cidades e por que não, no campo? Apesar de ser caipira nato, moro no Curral Del Rey Sapo, uma cidade cheia de problemas de trânsito, daí vou pautar minhas dificuldades no caos das ruas asfaltadas.

Há pouco tempo li na revista Piauí sobre Alexandre Delijaicov, um professor de arquitetura da Usp que se locomove para o trabalho em sua bicicleta diariamente. A esposa dele foi recriminada; "Pô, seu marido dá aula na Usp e anda de bicicleta? Coisa de pobre." Lembro que o professor dizia que passava o tempo inteiro pelo mesmo caminho dos automóveis, andando sempre na mão e obedecendo a sinalização, sendo que nem existe ciclovia no percurso dele. Arrisca a vida e dá uma aula de civilidade? Talvez.

Eu sou um bicicleteiro escroto. Ás vezes sou prudente como Delijaicov, também aboli o capacete, porém pedalo na contra-mão e outras coisas erradas das quais irei expor com meus motivos. Como vivo numa roça grande, cheia de conhecidos, às vezes gosto de pedalar vagarosamente pelas calçadas e parar pra conversar com alguém quando estou sem pressa. Não há outro tipo de transporte que me oferece isto.

E se a minha cidade não oferece espaço para que eu transite adequadamente com o meu veículo que não polui? Oferece a Linha Verde como a menina dos olhos para pavimentar uma candidatura presidencial calcada em marketing pseudo-ecológico? Linha Verde só se for pra fabricar mais acidentes automobilísticos e fazer as pessoas virarem adubo.

Veículo de duas rodas de tração pernal que não é apresentado como uma solução aos engarrafamentos e ao sedentarismo das pessoas que chegam do trabalho estressadas e vão malhar. Vidinha pacata essa de ganhar dinheiro e ser um cidadão respeitável, eu acho. Os países do dito primeiro mundo há muito oferecem esta opção. Em Paris, há bicicletas em massa para alugar num local e entregar noutro.

Bem, enquanto isso, passo susto nas calçadas, já que minha busina trim-trim estragou. Será que alguém que já foi atropelado por uma bicicleta vai dizer que a Linha Verde é a solução para nosso trânsito que não pensa no pedestre? Tô cheio de perguntas, zentem!

Créditos da foto; Ramon Martins, do Drunk Bikers.


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