segunda-feira, 29 de outubro de 2007

das fumequeiras e jornal pampulha


eis o trampo que eu, figaeroa e o quinto fizemos no muro da fumec semana retrasada. faz tempo já... fiquei um tempo longe desse blog por pura preguiça de escrever, mas deixando de lado essa letargia vamo que vamo!

gostei do nosso trampo, da idéia e da execução, que só foram possíveis pela participação de nós três juntos na parada. infelizmente a foto, apesar de muito boa (tirada pela minha amiga Lulups [http://www.flickr.com/photos/luizadc8/]), tampou a bike vermelha que a gente pintou (dá pra ver uns pedacinhos) e a frase "estilo bicicleteiro", mas de toda forma o trampo tá lá no muro passando a idéia pra galera transeunte - restrita, infelizmente. sobre o evento eu posso dizer que teve seus altos e baixos. foi bom ver tanta gente pintando, conhecer pessoalmente um bocado de grafiteiros que a gente só conhece pelos trampos e tags, trocar muita informação e o próprio ato de estar pintando entre amigos já fazem valer. mas não deixei de notar uma certa desorganização do evento (queixa constante, apesar da correria dos coordenadores), algumas promessas que não foram cumpridas e o próprio evento em si, que acaba sendo duvidoso em sua proposta, que seria de um muro grafitado em cima do tema "sustentabilidade". nesse ponto até mesmo alguns grafiteiros deixaram a desejar. vi muitos trampos que não foram nada profundos em sua reflexão sobre o tema e isso me frustrou. não dá pra ser só estético, né não? e a fumec, por sua vez, ganha uma publicidade fudida em cima de uma tema da moda e dos grafites da rapaziada, e com tanto outdoor na rua e espalhafato eu fico cá pensando o quão sustentável deve ficar o bolso dos seus acionistas... enfim, fizemos nossa parte no muro e botamos a magrela em cena como prometido!

esse final de semana, na casa do Tui, me deparei com a edição semanal do jornal Pampulha (que eu mesmo, que moro na Pampulha, não recebo). a reportagem de capa era sobre a inclusão de BH na lista das capitais que privilegiam a bicicleta como meio de transporte (que lista cidades como amsterdã e paris)! fiquei cabreiro e coloquei o jornal no bolso pra ler depois. numa cagada hoje cedo li a dita cuja. fala sobre um projeto da bhtrans, chamado de pedalaBH, que visa aumentar o número de ciclovias da cidade nos próximos anos. a meta é a construção de 300km de ciclovia, 20km até 2008 (deus sabe quando vêm os próximos 280km), além da construção de bicicletários. BALELA! é o que eu digo a respeito. a avenida antônio carlos, dos principais corredores da cidade, está sofrendo uma obra faraônica de duplicação há pelo menos dois anos, numa obra que promete durar mais um bom tempo, e nem um esboço de ciclovia pôde ser visto. quem atravessa a cidade de bike num corredor desse sabe quão seguro é. de que valem esses 20km que eles prometem até o final do próximo ano? vale um tiquinho, né? um tiquinho-quase-nada pra fazer uma graça pro ciclista... vou falar um "melhor que nada" pra não pagar de pessimista.

o mesmo jornal Pampulha, nas páginas seguintes, e nas anteriores, e embaixo e em cima e em tudo quanto é canto exibia as mais diversas propagandas de veículos automotores de todo tipo (todo tipo mesmo mesmo, até propaganda de miniaturas de automoveis)... vai ver quem é mais importante nesse transito. é a magrela fazendo a média da mídia...

vamo que vamo!

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Pedalisticamente Embolado

Peguei meu transporte orgânico e cheguei aqui de magrela também. Pois eu acho que há uma necessidade de uma discussão mais profunda a respeito das pedaladas em grandes cidades e por que não, no campo? Apesar de ser caipira nato, moro no Curral Del Rey Sapo, uma cidade cheia de problemas de trânsito, daí vou pautar minhas dificuldades no caos das ruas asfaltadas.

Há pouco tempo li na revista Piauí sobre Alexandre Delijaicov, um professor de arquitetura da Usp que se locomove para o trabalho em sua bicicleta diariamente. A esposa dele foi recriminada; "Pô, seu marido dá aula na Usp e anda de bicicleta? Coisa de pobre." Lembro que o professor dizia que passava o tempo inteiro pelo mesmo caminho dos automóveis, andando sempre na mão e obedecendo a sinalização, sendo que nem existe ciclovia no percurso dele. Arrisca a vida e dá uma aula de civilidade? Talvez.

Eu sou um bicicleteiro escroto. Ás vezes sou prudente como Delijaicov, também aboli o capacete, porém pedalo na contra-mão e outras coisas erradas das quais irei expor com meus motivos. Como vivo numa roça grande, cheia de conhecidos, às vezes gosto de pedalar vagarosamente pelas calçadas e parar pra conversar com alguém quando estou sem pressa. Não há outro tipo de transporte que me oferece isto.

E se a minha cidade não oferece espaço para que eu transite adequadamente com o meu veículo que não polui? Oferece a Linha Verde como a menina dos olhos para pavimentar uma candidatura presidencial calcada em marketing pseudo-ecológico? Linha Verde só se for pra fabricar mais acidentes automobilísticos e fazer as pessoas virarem adubo.

Veículo de duas rodas de tração pernal que não é apresentado como uma solução aos engarrafamentos e ao sedentarismo das pessoas que chegam do trabalho estressadas e vão malhar. Vidinha pacata essa de ganhar dinheiro e ser um cidadão respeitável, eu acho. Os países do dito primeiro mundo há muito oferecem esta opção. Em Paris, há bicicletas em massa para alugar num local e entregar noutro.

Bem, enquanto isso, passo susto nas calçadas, já que minha busina trim-trim estragou. Será que alguém que já foi atropelado por uma bicicleta vai dizer que a Linha Verde é a solução para nosso trânsito que não pensa no pedestre? Tô cheio de perguntas, zentem!

Créditos da foto; Ramon Martins, do Drunk Bikers.


quarta-feira, 17 de outubro de 2007

http://apocalipsemotorizado.net/

vou dar uma divulgada aqui no site do "apocalipse motorizado", um puta blog da rapaziada que organiza bicicletadas em sampa. vale a pena dar uma conferida que o trem é firmeza memo!
ontem eu e loreno descemos pro centro de bike [descer é um termo bem idiota nesse caso, na verdade a gente sobe! andar de bike, além de tudo, te faz ter noçao topográfica!]. a gente tinha um reunião na fumec sobre um projeto de grafite e ele animou de ir comigo pedalando. arrumou a bike do israel emprestada e a gente foi. achei do caralho a disposição do cara e fiquei feliz de colocar mais um maluco na pista em cima duma magrela! a bike do israel é boa, com suspensão e tal, mas tá mal cuidada até, a menina... dei um pito nele assim que tive a oportunidade. o loreno penou com a corrente que soltava toda hora, mas a gente chegou lá!

o projeto da fumec é um lance controverso na minha cabeça. é um evento de grafite. resumindo eles bancam uma porrada de grafiteiro pra pintar um muro e em troca a universidade fica com uma fachada descolada. bacana, mas e aí? o grafite ta abrindo as pernas? já abriu há muito tempo? pintar num evento não significa nada? vale a pena entrar nesse lance mesmo? eu paguei pra ver. cheguei até a desistir lá na hora mas acabei me inscrevendo. cada um tem uma visão do grafite, isso ficou claro lá pra mim ontem, e na falta de um consenso eu avalio a minha consciência. mas isso não é assunto pra esse blog, que fala de bicicleta e não de grafite.

entao, voltando a falar de bicicletas, o evento tem um tema que deve nortear os trampos e esse tema é "sustentabilidade". ficou fechado que iam pintar no mesmo espaço eu, o loreno e o tui. no final do evento ficamos lá na rua, os três escorados nas bikes, resmungando umas idéias. é um tema massa, bem amplo e positivo, mas ali na hora a gente ficou no rasinho, meio que testando o gosto um do outro e fomos embora prometendo pensar melhor a respeito. às vezes a mente custa... demorou o tempo de voltar pra casa e, trocando uma idéia com a minha mãe, perceber que não tinha nada melhor que bicicleta pra ilustrar nosso trampo! claro, bicho! como que eu não tinha pensando nisso? hoje de tarde o tui me ligou dizendo "truta! a gente é muito burro! como que a gente não pensou em bicicletas?!". o loreno, depois no msn, tava na mesma onda. tá decidido então! amanhã começa o evento e nós vamos pintar bicicleta!

p.s.: uma notícia que veio muito a calhar é que o evento vai pagar dez paus por dia de transporte pra galera. como minha bike não tem catraca nem trocador nada mais justo que eu investir essa grana nela. isso quer dizer algo muito importante: freio novo na área!!!

terça-feira, 16 de outubro de 2007

"Tudo brocha e torcedor do Bahia!!!!"

Eu vou desabafar uma parada que me aconteceu essa semana aqui em Salvador. Nem sei se esse é o espaço certo, mas como o ocorrido se passou comigo em cima de uma magrela vou contar.

Domingo fui almoçar com meu pai e minha avó na Barra, na orla da cidade, na praia mais metropolitana que temos. Na volta, passei pela Fonte Nova e era fim de jogo do "Bahêêêa". Bahia ganhou de 1 x 0 e a Bamor estava alucinada. Um engarrafamentozinho de leve, mas tudo bem. Dei uma de moto e fui metendo a cara entre os carros.

Até aqui tudo bem, normal. O caso tá quando já estava perto de casa, subindo a ladeira do Aquidabã, uma ladeira monstra que de um lado tem um hospício e do outro uma Igreja Evangélica. Em qual lado cada uma delas? Sabe que eu não sei? Me confundo! Mas faz diferença?
Enfim...mas tava eu lá subindo a porra da ladeira, de pé na bike já, quando meia dúzia de afrodescentes começaram a me esculachar. Me chamaram dos piores adjetivos putíferos do planeta e tentaram me amedrontar. Fiquei muito puta com aquilo, velho! Que que eu fiz pra merecer isso? É por que sou branca e baiana? É por que tenho uma magrela? É porque sou mulher? Ou é porque sou mulher, branca, de magrela? Que Apartheid da porra, viu?

Eu sei que todos aqueles insultos de baixíssimo nível me serviram de insentivo, e subi (como o de custume, mas agora na adrenalina dos monstros racistas, machistas perseguidores) toda a ladeira sem pestanejar.

Cheguei lá em cima com muita raiva, afinal, não merecia aquelas ofensas. E lá do alto gritei:
"Tudo brocha e torcedor do Bahia!!!!"
E me piquei com minha magrela pra longe deles.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

meu freio tá uma merda. o da frente não funciona já tem uma rapa, o de trás é que anda salvando, mas ainda assim daquele jeito! ele vem anunciando minha passagem conforme eu vou freando, gritando igual um pato rouco que o dereco tá na área. é isso ou nada, ou tudo - tudo quebrado e arregaçado pela falta de freio! o tui vive dizendo que vai me dar três conto pra eu consertar meu freio, mas nunca que dá. ontem mesmo, a gente descendo nas ladeiras do santo andré, voltando da praça 12, eu ia vendo a hora que o freio ia me deixar na mão, aquela barulheira, e ele vinha atrás falando qualquer coisa sobre o tanto que eu negligenciava minha bike, começando com um "ô bicho...". é foda isso, mas eu tenho um puta espírito gambiarreiro e minha bike sofre com ele. esse freio mesmo, deve estar rangendo há uma cara, ruim que só ele, e bastam três contos pra eu colocar um novo no lugar. cê acha que eu vou levantar da cadeira agora pra consertar ele na loja de bicicleta que é do lado da minha casa? não, mano! idiota que eu sou vou deixar acontecer o dia que ele vai me deixar na mão! ô carai!

mas eu não faço isso por falta de amor próprio não. não não. parto de dois princípios. primeiro que tudo dá certo no final. segundo que, sendo ruim, o que vier é lucro. eu tô me virando bem com o freio escandaloso, imagina quando eu finalmente trocar o dito cujo?! caralho! eu vou ficar sinistro!!!

sexta-feira, 12 de outubro de 2007


Como não estou num momento dos melhores para escrever eu só queria deixar duas reclamações. A primeira para a Prefeitura de Salvador que não está tendo capacidade nem de cuidar do asfalto da cidade, o que fode a minha bike toda semana, empenando a roda e tudo.
E em segundo lugar gostaria de reclamar da loja autorizada da Caloi em que levei Bîbinha (minha bike) pra trocar a roda e o cara simplesmente fingiu que trocou a jante mas só deu uma desamassadinha de leve e eu fiquei no preju...
Todo mundo é esperto, viu? Só eu que sou boba.
um dia desses tava na varanda da casa da vó délia com meu pai, fazendo um qualquer, tomando um café se pá, meu pai mais o badim, e eu exclamei no meio de um papo que o mundo tava mesmo era pra acabar, resignado que eu fico quando falo disso. de resposta meu pai me solta uma dizendo que o mundo ia acabar num grande engarrafamento! eu e badim passamo mal! e quando o badim passa mal de rachar do meu lado ele fica rindo e olhando pra mim enquanto segura meus antebraços, tentando me prender no tanto que aquilo tá divertindo ele - ele ficou desse jeito mesmo. o meu velho continuou o papo dele, dentro do que é possível fazer enquanto o badim demonstra sua alegria, e deixou no ar a frase bem dita! o mundo vai acabar num grande congestionamento!

puta merda! meu velho às vezes tem umas sacadas!

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

sugestão de som:

d--b [De Leve - Rolé de Camelim] d--b
[do disco Manifesto 171]

apresentação


ando de magrela, cidade afora, testando, experimentando o poder da pedalada no asfalto - esse filho da indústria automobilística, carregado de fuligem. me vejo como resistência. pode parecer bobagem pra muita gente, mas significa pra mim. significa um pouco de suor, vencer desafios o tempo todo, estar vivo numa cidade cheia de gente morta, e que morre mais um pouco a cada busão cheio, a cada discussao de trânsito, cada engarrafamento.

minha bike não é top mas me leva onde eu quero, desde que eu queira. faz toda diferença chegar nos lugares por suas próprias pernas, explorar cada trecho do percurso, cada quebrada por onde se passa. você valoriza estar lá, valoriza sua capacidade de se locomover de um ponto ao outro, o ar que entrou-saiu do pulmão e te deu força pra rodar e rodar. em volta da minha pedalante o mundo é hostil: é carro, ônibus, caminhão, moto e o caralho a quatro motorizado. tenho que me virar nos acostamentos, nos corredores de busão, pulando bueiro e catando calçada. no baralho do trânsito a bicicleta é a carta mais baixa, mas mando se fuder e faço dela meu coringa! já disse, me vejo como resistência. nenhum motor de nenhum automóvel vale a liberdade que a magrela me dá!

daí pedalar vira mais que opção de transporte pra mim. andar de bicicleta é ir contra o vento, é ir vencendo uma luta de capital pesado, de automotores contra autocontroles. tô pedalando, me esquivando do transporte poluente, do marasmo e do stress das linhas de trânsito bem definidas, de gastar o dinheiro da passagem, das altas do combustível. tô anunciando o transporte do futuro, tô usando a possibilidade de usar meu corpo e mandar a máquina pro ford-que-a-pariu!

no que eu for escrevendo nesse blog, vou tentar transmitir o que eu sinto quando o vento me bate no rosto e como isso muda a minha vida enquanto cidadao comum, numa cidade dominada por automóveis velozes que se frustram no trânsito lento.


acompanhe as próximas pedaladas!